S. FRANCISCO DE ASSIS E A FAMÍLIA FRANCISCANA
Francisco de Assis (1182-1226), ao renunciar à rica herança paterna, desencadeou um original movimento fundado na pobreza, na humildade e na obediência, em ordem a uma felicidade grande e ampla liberdade já neste mundo, dentro da mais estreita união a Jesus Cristo, que se fez pobre para enriquecer o mundo e com a sua morte nos libertou dos medos terrenos, a suspirar pelas alegrias celestes.
Espontaneamente levados pelo testemunho de Francisco, duma alegria e duma liberdade invejáveis, juntaram-se-lhe uns tantos cidadãos de Assis, os quais, em Abril de 1209, desceram a Roma a solicitar a aprovação do seu modo de vida. Pretendiam viver o melhor possível a “pobreza evangélica”. Depois de algumas reticências, Inocêncio III satisfez os seus desejos. Nascia assim a Ordem dos Frades Menores (OFM), 1.ª Ordem Franciscana.
Os “penitentes de Assis” conquistaram o coração da nobre Clara de Offreducio, a qual, no domingo de Ramos de 1212, fez a sua consagração ao Senhor nas mãos de Francisco de Assis na capela da Porciúncula. Nasceu assim a 2.ª Ordem Franciscana, Ordem de Santa Clara (OSC) ou das Senhoras Pobres de São Damião, que só obteria da Igreja estatuto oficial nas vésperas da sua morte, em 11 de Agosto de 1253. Ela teve assim a alegria de morrer “oficialmente” pobre.
O viver de Francisco e dos seus companheiros, gente itinerante e de casa aberta, foi rastilho para o bom povo cristão, que também o queria imitar. Para ele escreveu Francisco, por 1214, uma carta que passa por ser a inspiradora da 3.ª Ordem Franciscana (TOF) ou Ordem Franciscana Secular (OFS), com Regra aprovada por Nicolau IV a 17 de Agosto de 1289. Com a 3.ª Ordem Franciscana Regular, com regra própria desde 1521, e numerosas Congregações e Institutos fundados sob a inspiração do ideal de Francisco de Assis, constituem a “Família Franciscana”.
Após prolongado período de decadência do ideal primitivo, começou a observar-se, pelo fim do século XVI e início do século XVII, uma salutar revivescência da Ordem Franciscana Secular. Integrada nesse movimento, regressou à história de Coimbra a Fraternidade outrora provavelmente surgida à sombra do ermitério de Santo Antão dos Olivais, e agora à do convento de São Francisco da Ponte, com uma alma renovada, com Estatutos próprios aprovados a 5 de Fevereiro de 1660 e com os interesses dos irmãos terceiros decididamente virados para a santificação pessoal, centrada no modelo do Pai São Francisco, o Poverello de Assis.
Elementos colhidos em uma importante conferência [4] pronunciada por Frei Henrique Rema OFM na sessão comemorativa do 350.º aniversário da fundação da Fraternidade.