BREVE HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO DA VOTSF DE COIMBRA
A Venerável Ordem Terceira da Penitência de São Francisco de Coimbra, Fraternidade da Ordem Franciscana Secular, foi fundada em 1659 como pessoa moral eclesiástica canonicamente ereta (ereção confirmada pelo Vigário Geral da Diocese de Coimbra em 6 de Novembro de 1987). Nos termos estatutários, tem por fim principal contribuir para que todos os irmãos e irmãs, impelidos pelo Espírito à perfeição da caridade a atingir no seu estado secular, vivam o Evangelho à semelhança de S. Francisco de Assis, mediante a profissão da Regra da Ordem Franciscana Secular (texto actual aprovado e confirmado pelo Papa Paulo VI em 24 de Junho de 1978), na qual a Fraternidade se integra.
Sendo a vida de fraternidade essencial à Regra, cada Fraternidade é exortada a promover, em espírito de comunhão, todo o possível auxílio aos irmãos, incluindo o auxílio material. Não deixou a VOTSF de Coimbra de corresponder a essa tradição, com relevo para as fundações do Hospital (1851), do Asilo (1884), do Patronato masculino de Santo António (1936) e, mais recentemente, com a da Casa Abrigo Padre Américo (fundada em 1994).
Com a sua primeira sede na capela dos Santos Mártires de Marrocos, da igreja do Convento de S. Francisco da Ponte em Coimbra, foi feita em 5 de Janeiro de 1659 a primeira eleição com os oficiais na forma estipulada pelo Papa Nicolau IV, “estando presentes o ilustríssimo senhor Dom Frei António de Trejo, bispo de Cartagena e vigário geral desta seráfica ordem, o padre frei Jerónimo da Cruz, comissário desta 3ª Ordem da Penitência no convento de S. Francisco da Ponte de Coimbra, e com assistência e votos dos irmãos terceiros”. Os primeiros Estatutos da Ordem Terceira de São Francisco de Coimbra, datados de 5 de Fevereiro de 1660, determinavam que esta fosse governada por um Ministro, um Secretário, seis ou oito Definidores, um Síndico, um Vigário do Culto Divino, os Zeladores (em número que dependia da cidade, vila ou lugar ou do número de irmãos), seis Sacristães e um Vice visitador.
A falta das necessárias dependências anexas à sua capela, nomeadamente a “Casa do Despacho”, conduziu a um acordo celebrado com os frades do Convento, em cujos termos a Ordem Terceira se transferiu para a capela de S. Pascoal Bailão, o que permitiu que em 1740 fosse iniciada a construção da capela de Nossa Senhora da Conceição da Ponte, com a Casa do Despacho, nova sede, a terceira, aberta em 1743, onde passou a reunir-se a Mesa do Conselho. O novo edifício foi construído em terreno cedido pelo convento de S. Francisco da Ponte e ainda hoje é propriedade da Ordem Terceira.
Em 1784, na sequência de um lamentável diferendo com os religiosos, a Venerável Ordem Terceira passou a funcionar na igreja paroquial e colegiada de S. Cristóvão, de onde passou em 1785 para a Sé Velha, apenas tendo regressado festivamente à sua capela da Ponte em 1816.
A Ordem Terceira conimbricense veio a entrar na posse da igreja do extinto colégio dos Carmelitas Calçados (Igreja do Carmo) por despacho do vigário capitular de 5 de Janeiro de 1837, concessão tornada definitiva por Carta de Lei de 15 de Setembro de 1841.
Finalmente, um já antigo e vivíssimo desígnio da Venerável Ordem Terceira de S. Francisco veio a ser concretizado pela Carta de Lei de 23 de abril de 1845, que concedeu à Ordem Terceira o edifício daquele colégio afim de nele se estabelecer um hospital para curativo dos enfermos pobres da mesma Ordem.
Após a proclamação da República, em sessão da Assembleia Geral da Ordem Terceira realizada em 28 de dezembro de 1911, foi decidida a revisão dos Estatutos da Ordem tendo por base as disposições da Lei de Separação do Estado das Igrejas de 20 de abril de 1911. Os irmãos terceiros conimbricenses enfatizaram o carácter assistencial e de beneficência da instituição, particularmente demonstrado no hospital e no asilo, nas esmolas pecuniárias e na assistência médica e farmacêutica facultada aos irmãos pobres.
A Venerável Ordem Terceira da Penitência de S. Francisco, com Estatutos aprovados em Assembleia Geral Extraordinária realizada em 8 de Novembro de 2015 e ratificados pelo Conselho Executivo Regional do Centro da Ordem Franciscana Secular de Portugal em 10 de Novembro de 2015, é hoje responsável por um lar de idosos denominado “Lar da Ordem Terceira de S. Francisco”, que funciona nas dependências da sua sede, e por um centro de acolhimento temporário designado “Casa Abrigo Padre Américo”, instalado no edifício do antigo noviciado carmelita.
Em tais termos, é uma instituição particular de solidariedade social (IPSS), registada na Direcção-Geral da Segurança Social pela inscrição n.º 2/88, de 5-1-1988, a fls. 163 do Livro n.º 3 das Associações de Solidariedade Social, registo convertido em definitivo em 2-11-1989, pelo averbamento n.º 1 à referida inscrição, conforme consta no Diário da República – III Série de 23 de janeiro de 1990.
(SILVA, Ana Margarida Dias da (2013) – Inventário do Arquivo da Venerável Ordem Terceira da Penitência de S. Francisco da Cidade de Coimbra (1659-2008). Instrumentos de Descrição Documental 2. Universidade Católica Portuguesa).